Algumas coisas tradicionais estão encontrando novas possibilidades de uso com a internet e alguns programinhas e aplicativos. Nada mais comum e antigo do que jogos de cartas de papel, na garagem, não? Foi assim que muita gente boa conheceu e começou a praticar poker, por exemplo. Hoje em dia todo mundo continua jogando, mas não precisa mais se reunir no mesmo local com ninguém.
Baixa-se um pequeno programa, no celular mesmo, e joga-se online grátis no com quem quiser – até mesmo com jogadores campeões profissionais que disputam partidas abertas ao público, em geral – o dia inteiro! Personalidades e esportistas aderiram ao esporte mental online, aos montes. Quase ninguém tem saudades das cartas de papel.
A mesma revolução acontecida com o poker está ocorrendo agora com os quadrinhos. E o melhor de tudo é a possibilidade de som e movimento que novos aplicativos estão proporcionando as tirinhas. Há diversos sites, páginas e comunidades em redes sociais que ajudam a divulgar os trabalhos clássicos e os de quem gosta de desenhar ou escrever roteiros.
Os quadrinhos ganharam cores mais vibrantes, movimentos dinâmicos que ajudam a contar a história com maior interatividade, sem perder a essência dos antigos desenhos. Há espaço para todo e qualquer estilo, do mais refinado (Grafic Novels) até a mais singela das tirinhas, com aparência rústica ou infantilizada. Há público para todos eles.
Vejam o exemplo abaixo de interatividade de uma HQ com um app:
Um olhar teórico sobre o tema
“Com a redução dos espaços nos jornais para as tiras, os autores encontraram na internet um local propício para a circulação desse gênero. Tanto que hoje, no país, o maior número de tiras está na internet, e não mais nos cadernos de cultura dos jornais”, afirmou o professor Paulo Ramos, jornalista e professor do Departamento de Letras da Universidade Federal de São Paulo.
Ele tenta entender ao real valor que o meio digital ganhou no universo das tirinhas. O contato próximo com os leitores amplifica o alcance de autores anônimos e pode até mudar o rumo de uma série. Alguns autores chegam a afirmar que já modificaram suas histórias por causa de observações feitas por fãs, nos comentários das publicações.
A maneira de se fazer os HQs também se modificou. As histórias são roteirizadas já tendo em mente os recursos disponíveis, o que era impossível quando eram apenas impressas em papel. Sem esquecer que é preciso pensar também nos diferentes dispositivos, tem que ser acessível não apenas nos PCs, mas em tablets e smartphones.
Uma das tirinhas mais populares da atualidade já nasceu pensando na possibilidade de acrescentar o som e animação aos desenhos. O singelo, mas mordaz Dr. Pepper já apresenta desenhos com movimentos. Se o visitante acessar o site oficial, os desenhos seguirão o percurso do mouse. O site tem um acesso médio de quase 2 milhões de visitantes por mês.
Até alguns anunciantes que ajudam a manter as páginas vivas – muitas delas começaram como simples brincadeiras e acabaram se tornando negócios lucrativos – aderem à linguagem. Anúncios são publicados em formato de quadrinhos, tentando atingir em cheio o público visitante.
Há um grupo de leitores tradicionais que não abre mão de suas coleções impressas, acham que a moda de quadrinhos com movimento é apenas “desenho animado”, mas a produção crescente parece demonstrar que o segmento veio pra ficar. E a parte boa, dessa nova história é que nada impede que as novas gerações comecem na internet e acabem descobrindo as revistinhas antigas.