Foi publicado recentemente no Journal of Pediatrics que conversar com crianças não é benéfico apenas para ensiná-las a falar, mas também, essa prática faz com que elas tenham maiores habilidades na linguagem e pontuações de QI elevadas, quando chegam à escola.
“Ao mostrar que as interações verbais entre pais e filhos na primeira infância preveem resultados criticamente importantes, os autores deste estudo fizeram uma grande contribuição para este tópico”, disseram os pediatras Dr. Alan Mendelsohn e Perri Klass, que não foram envolvidos no estudo, em um comentário ao ABC News.
O estudo teve início com crianças entre 18 meses e 2 anos de idade, registrando as palavras que ouviam e também os diálogos entre pais e filhos, e foi assim mês a mês, por seis meses. Quando essas crianças tinham entre 9 e 14 anos de idade, os pesquisadores as submeteram em testes de linguagem e cognitivos.
O resultado comprova o que eles já imaginavam: aquelas que tiveram mais conversas com os adultos ainda quando eram pequenas, apresentaram um desempenho de 14% a 27% nos testes de QI, compreensão verbal e resultados de vocabulário.
“Os programas que buscam promover habilidades linguísticas em crianças pequenas devem prestar atenção cuidadosa… a promoção de interações positivas em termos de linguagem e emocionalmente positivas deve ser o objetiva. Brincar e ler em voz alta contextos de oferta para os pais fornecerem não apenas vocabulário enriquecido, mas também interações enriquecidas”, Mendelsohn e Klass disseram no comentário.
Pegando carona nesta pesquisa, um estudo de 1990 ficou muito famoso em todo o mundo, pois seus resultados mostraram que quando as crianças com um nível socioecônomico mais alto chegam a escola, são expostas, em média, a 30 milhões de palavras a mais do que aquelas que vieram de famílias mais pobres. O estudo ficou conhecido como ‘Lacuna da Palavra’, e desde então muitas políticas e intervenções foram criadas com o foco na quantidade de palavras que uma criança ouve.
Com isso também, foi comprovado que devemos nos atentar não somente na quantidade de palavras, mas sim, na qualidade delas, como afirma a doutora Rachel Romeo, pesquisadora de pós-doutorado em desenvolvimento neurológico translacional no Instituto de Tecnologia de Massachusetts e no Hospital Infantil de Boston: “Quando você envolve as crianças na conversa, você pode direcionar a linguagem para o nível apropriado de desenvolvimento”, disse ela. “Eles estão recebendo o feedback ideal”, finaliza.