Frances Buzzard não parava de sorrir. Ela enxugou as lágrimas dos olhos, momentaneamente perturbando uma tiara recém-colocada em sua cabeça.
Era uma tiara rosa de papel incrustada que dizia “Feliz Aniversário!”
“É uma ótima festa! A maior que já vi – disse Frances.
Também foi a primeira festa de aniversário em seus quase 77 anos de vida, ela disse.
A zeladora da Escola Belle Elementary – conhecida por funcionários e alunos como “Miss Frances” (Senhora Frances) – havia acabado de ser chamada para a apresentar-se à lanchonete e academia da escola pouco depois do horário de almoço, juntamente com seu colega, Rendell Heater.
– Rendell e Miss Frances, vocês poderiam, por favor, virem até à cafeteria? – pediram os palestrantes, no alto-falante da escola.
O que seria isso? Alguma bagunça para limpar?
Mas Rendell sabia o que estava acontecendo. Ele a levou até o refeitório e depois a deixou passar pela porta sozinha.
Quando ela saiu do corredor da escola, mais de 200 alunos, sentados em fileiras no chão, explodiram ruidosamente em uníssono… “Surpresa!”
– “Feliz aniversário, senhorita Frances!”, dizia a diretora da escola, Amanda Mays, segurando um microfone.
A diretora rapidamente explicou que, embora o aniversário real da zeladora fosse no dia seguinte, terça-feira, Miss Frances não estaria na escola no dia em que completasse 77 anos.
Então, essa grande festa era para ela. Mays colocou uma faixa de “Feliz Aniversário” desenhada pelas crianças, empoleirou a tiara em sua cabeça e dirigiu-se para uma cadeira no centro do salão.
Miss Frances sentou-se, cercada de todos os lados pelos estudantes, como se tivesse acabado de ser nomeada rainha de um reino de crianças.
Apenas por aquela hora, ela realmente seria.
Cortinas se separaram em um palco em uma extremidade do salão. Um vídeo ganhou vida em uma tela, com fotos editadas de cenas históricas das décadas passadas de sua vida. Havia Miss Frances com John F. Kennedy. Havia Miss Frances na Lua ao lado do astronauta Neil Armstrong em seu traje espacial. Lá estava ela em Woodstock… As crianças adoraram as montagens; ela também.
Os alunos e a equipe da escola cantaram “Feliz Aniversário”. Os cozinheiros da escola liberaram um carrinho de cupcakes e biscoitos para todos.
E Frances aproveitou até não poder mais. Foi um bom começo para o seu turno habitual de zeladoria noturna.
Ela começou a trabalhar na escola no ano passado. E, sim, ela disse: jamais teve uma festa de aniversário em sua vida.
“Eu não me lembro de nenhuma”, disse ela. “Aliás, teve uma sim, mas era uma noite tão gelada e fria que ninguém veio”, lembrou ela.
Ela nasceu num bairro de classe média baixa, num bairro da periferia de Cabin Creek. “Há uma mina de carvão lá em cima, onde nossa casa estava”, disse ela.
A família não tinha muito dinheiro. O pai dela, depois de passar um tempo nas forças armadas e trabalhar como madeireiro, não pôde mais trabalhar por causa da asma e de problemas cardíacos, disse ela.
Então, não havia festas de aniversário quando criança, de que ela pudesse se lembrar. Naquela época, “eles não faziam coisas assim”, ela disse. “Nós não tivemos festas de Natal também. Eles nos traziam frutas e nozes quando podiam pagar.
A senhorita Frances impressionou a escola com sua incansável ética de trabalho.
“Quando eles disseram que iríamos receber um zelador que tinha 75, 76 anos de idade, eu pensei, ‘Oh, ótimo! Isso é maravilhoso, porque já não temos ajuda suficiente”, disse a conselheira da escola Chelena McCoy.
Logo depois que ela chegou, Chelena começou a notar algo diferente em volta da escola.
“Tudo parecia tão brilhante”, disse ela.
A senhorita Frances entrou no escritório de Chelena um dia e perguntou se era uma boa hora para fazer um polimento.
“Eu disse, ‘bem, esse não é o seu trabalho, senhorita Frances’. Ela disse: ‘Oh, é sim! Esse é o nosso trabalho. “Você sabe, eu trabalho nessa escola há anos e ninguém nunca poliu estes móveis”, disse Chelena. “Então, essa senhora tem o dobro da nossa idade, mas ela faz três vezes o trabalho. Ela é de outro mundo. Todo mundo ama ela. Ela é incansável, não para.”
Mas ela parou um pouco. Para usar uma tiara. Para abrir presentes. E para cumprimentar e abraçar alguns dos alunos enquanto saíam da academia no caminho de volta para a aula.
“Eu não posso acreditar”, disse ela, maravilhada com os acontecimentos do dia.
Veja o vídeo:
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