Javier Lopes Salazar é um médico cubano que em 2014 chegou na aldeia Kumenê, no Amapá, formada por indígenas da etnia Palikur. Assim que chegou por lá, percebeu que os moradores usavam antibióticos em excesso e de maneira adequada, e resolveu fazer algo para ajudá-los.
Esse costume por antibióticos começou na década de 1960, quando missionários trabalhavam pela evangelização da etnia e afirmavam que ervas medicinais era feitiçaria.
Uma das primeiras ideias de Javier foi recuperar as tradições indígenas e criar uma horta com plantas medicinais para tratar diversas doenças que podem salvar vidas.
“No começo, quando eu receitava alguma delas, eles jogavam fora e ficavam bravos comigo porque queriam antibióticos. Antes de ter médico aqui, eles faziam um uso excessivo de antibióticos e, hoje, as bactérias que circulam na comunidade têm resistência aos medicamentos disponíveis. Aos poucos, eles voltaram a acreditar no poder das plantas”, conta Salazar, que é um dos cooperados do Programa Mais Médicos.
Salazar e sua equipe também conscientizaram a população sobre os riscos do contato com a água de resíduos domésticos despejada nos rios. O médico lembra que os indígenas tinham o hábito de construir o banheiro de suas casas próximos às margens dos rios que cercam a aldeia. Consequentemente, isso fazia com que a água fosse contaminada. Para piorar, os poços também eram construídos ao lado dos sanitários.
“Explicando, conseguimos uma melhor qualidade de vida aqui. Um médico não pode se cansar. Eu me sinto bem porque já estou percebendo a mudança. Estou vendo que as medidas que estou tomando dão certo, pois as doenças estão desaparecendo. Estou ‘ganhando’ menos pacientes”, comenta satisfeito.
O médico afirmou também que aprendeu línguas nativas e a diferença de idiomas não foi empecilho para a comunicação e diagnóstico de doenças.