O teste de Rorschach é um método utilizado por alguns psicólogos para analisar a auto-avaliação dos pacientes. É o famoso “o que você vê nessa imagem?”
Pode ser por causa de gosto pessoal, referências ou até mesmo ao momento da vida, mas o fato é que nós temos interpretações muito pessoais de tudo – inclusive filmes. Aquele filme que você acha incrível, que te emociona e arrepia até a alma, pode ser considerado um lixo por outra pessoa. Ou então, quando o filme deixa o final meio em aberto, você insiste em dizer que aconteceu tal coisa e seu amigo teima em dizer que foi outra totalmente diferente.
Foram essas diferentes visões que serviram de ponto de partida para a criação do The DIFF Film Personality Test, uma campanha criada para o Festival Internacional de Cinema de Dubai. Essa campanha usa a psicologia e o teste de Rorschach para avaliar algumas pessoas e seu gosto por filmes. Foram desenvolvidos 10 borrões diferentes (cada um com meia dúzia de diferentes interpretações) e, de acordo com a resposta, a pessoa recebia uma sugestão de quais filmes do festival seriam interessantes para ela.
A Leo Burnett (agência responsável pela criação da campanha) pediu a ajuda do psicólogo Raymond Hamden para conduzir um estudo de dois meses, para garantir que os resultados dos testes fossem apurados.
Na versão para o YouTube (que você confere logo abaixo), a interação era feita no próprio canal. Já na versão impressa, cada uma das respostas contava com um QR Code diferente para direcionar o público ao conteúdo relacionado. Tá aí uma campanha diferente.
Adoro quando a psicologia e a neurociência é usada na publicidade desse jeito. Há alguns meses eu assisti um programa no Discovery Science (que, infelizmente, não lembro o nome) que mostrava uma clínica médica que só trabalhava para grandes produtoras de cinema. A clínica era, na verdade, especializada em tomografias e estudos cerebrais. A produtora mandava vários trechos diferentes de filmes que ainda precisavam de trailers. As pessoas que se submetiam aos testes assistiam aos trailers enquanto passavam por uma tomografia (não sei explicar exatamente como isso foi feito, mas era algo assim), enquanto os médicos avaliavam quais cenas dos filmes traziam mais resultados positivos (de acordo com os picos de atividade cerebral). Com os resultados, era montado o trailer. Foda, né? Isso serve para mostrar que a publicidade ainda tem muito o que crescer e muito espaço para fazer coisas diferentes.