Walisson Pereira da Silva, de 32 anos, tem uma história incrível de superação das adversidades que a vida impõe. O jovem morou nas ruas de Brasília por cinco anos, mais especificamente nos pátios da Rodoviária da capital, onde dormia na rua, pedia esmola e retirava restos de comida do lixo para se alimentar.
Nesse meio-tempo, Walisson conseguiu se formar em Direito e agora deseja ajudar outras pessoas que sofrem ou sofreram as mesmas dificuldades que ele como defensor público.
Ele conta que saiu de casa quando tinha 18 anos, cansado de ser agredido fisicamente por um pai abusivo que havia o obrigado a largar o ensino médio.
O jovem passou a morar nas ruas a partir de 2005. Fora de casa, continuou sofrendo violência, só que agora advinda de desconhecidos. “Vi várias pessoas morrendo na minha frente. A rodoviária é um lugar triste, e só sabe disso quem viveu”.
Certo dia, conheceu um homem num ponto de ônibus do Plano Piloto que, comovido com a história do rapaz e notando seu interesse em voltar a estudar, ajudou-o a se matricular na escola, onde ele terminou o ensino médio.
“Eu ia sujo para sala de aula, passava a noite toda acordado pedindo esmola, acordava com sol quente no rosto, era uma saga triste”, lembra.
Não obstante, decidiu fazer a prova do Enem em 2014, onde foi aprovado em Direito. Conseguiu uma bolsa integral numa faculdade particular em Brasília. Cinco anos depois, em 2019, tornou-se bacharel em Direito, formando-se com louvor.
Tinha medo de ser discriminado na universidade, e dessa forma, escondia a condição de ser morador de rua. “Eu tinha medo de descobrirem minha história, sentia vergonha, e dizia que estava sujo porque vinha do trabalho”, lembra.
Claro que se formar definitivamente não foi uma tarefa fácil: ele dividia seu dia entre assistir as aulas do curso e frequentar as bibliotecas públicas para estudar e pedir esmola e revirar o lixo da rodoviária para se alimentar.
“Me emociona lembrar o quanto eu queria sair das ruas. Eu sabia que os estudos eram a única forma de eu sair daquele lugar.”
“Conhecimento é poder, e quem tem conhecimento não aceita qualquer coisa na vida como opção”, afirma Walisson.
A cerimônia de formatura acontecerá no próximo mês, cuja festa totalmente paga pela administração da cerimônia, que se sensibilizou com a história do rapaz.
Apesar de formado, o jovem ainda está desempregado, mas acredita ser questão de tempo ser contratado como advogado. Seu sonho a longo prazo é se tornar defensor público.
Dentre todas as opções de curso, Walisson escolheu o Direito porque deseja ajudar outras pessoas que, como ele, “tiveram o acesso negado à educação, à justiça e a todos os direitos básicos”, diz.
“Escolhi o direito porque vi tantas injustiças acontecerem no coração da capital do país, tantos direitos sendo violados, e quis ajudar as pessoas a mudarem de vida”, concluiu.
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Fonte: G1