Para um bom motorista que se preze, nada é mais satisfatório do que andar por uma estrada ou rua com um asfalto em perfeito estado de conservação, onde o pneu parece deslizar sobre o solo que mais se assemelha a um tapete, entretanto, sabemos que a realidade é bem diferente.
Principalmente nas grandes cidades, o asfalto é bastante danificado, cheios de falhas, e quando chove o estado fica ainda mais alarmante, afinal, por ser impermeável, toda a água escorre ‘procurando’ por um bueiro, e quando não encontra, ou então ele transborda, as enchentes acontecem e fazem muitas vítimas.
Pensando em combater esse problema sério, o professor da USP, José Rodolpho Martins, desenvolveu uma tecnologia que pode acabar coma impenetrabilidade do asfalto, o que iria diminuir tanto os buracos, como também os terríveis alagamentos.
“A nossa ideia era poder absorver a água da chuva no revestimento da pavimentação que se usa nas ruas, nos loteamentos, condomínios e estacionamentos. Absorver rapidamente essa água e permitir que ela pudesse ser armazenada na parte inferior do pavimento”, afirma o professor.
Não importa se estamos falando de estradas, ruas pequenas, vielas, a ‘construção’ do asfalto é sempre da mesma maneira: uma camada de cinco centímetros de pequenas pedras por cima, que se unem pelo asfalto, são bem resistentes para que o trânsito flua bem, inclusive, suportam toneladas de caminhões enormes.
Logo abaixo, vem a camada mais espessa, que é formada por britas. Essa base possui vários espaços vazios, que funcionam como uma espécie de reservatório, e é justamente neste ponto que encontra-se o maior problema: como a superfície poderia deixar a água passar, sem se tornar um piso frágil, quebradiço, frente a um trânsito pesado?
Então, o Laboratório de Tecnologia de Pavimentação da própria USP, que tem ligação direta com a Engenharia de Transportes, uniu cal, asfalto e pedras, para servir como liga para a mistura, o que produziu diferentes tipos de pisos que serviram para a pesquisa. Os pisos asfálticos passaram por seguidos testes e o mais eficiente deles foi aprimorado em ligas posteriores. Nascia a Camada Porosa de Asfalto (CPA).
O chamado de ‘asfalto absorvente’ é composto por pedras grandes, para que haja um espaçamento maior entre elas, que pode chegar a 25% e, quando comparado com um pedaço de asfalto comum, a diferença é visível, afinal, o que todos nós conhecemos não tem tanto espaço assim, ele é compacto.
Para fazer o teste final, os pesquisadores trouxeram um caminhão pipa que, com o auxílio de uma mangueira, foram capazes de testar o quanto de absorção o CPA suporta, simulando uma ‘chuva da tarde’, muito comum nas cidades.
Quase que instantaneamente as poças de água que tinham ali desaparecem, o curioso é que ao olhar o asfalto, percebe-se que ele está levemente molhado, porém, não encharcado: “O asfalto está úmido, mas a água não empossou e já sumiu”, declara o pesquisador.
Foram derramados 3 mil litros de água em 10 minutos. “Ela vai levar cerca de duas horas ou até três horas para começar a sair aqui. E depois, ela vai para o nosso sistema de drenagem. Mas só para sair da base do pavimento vai levar duas horas ou mais”, explica.
De acordo com José Rodolpho, a cada vez que fossem recapear as ruas e rodoviais das grandes cidades, já poderiam trocar o asfalto comum pelo CPA, assim, dentro de alguns anos, teríamos como aliada uma incrível ferramenta que combate um dos maiores problemas das metrópoles: as enchentes.
A expectativa é que quanto mais CPA for vendido, o preço fique menor, claro, mudar o asfalto de toda uma cidade é quase impossível, entretanto, se começarem por estacionamentos de shopping, asfalto de condomínio e outros lugares do tipo, já seria possível combater os alagamentos.
Veja abaixo o teste que foi realizado: