A vida de Raíssa Nascimento, de 21 anos, jamais será a mesma, isso porque a jovem venceu todas as dificuldades e foi aprovada no curso de Medicina da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte).
“Eu tive muita ajuda da família, das minhas primas, dos meus professores, muito apoio. Principalmente quando se trata de uma pessoa negra, pobre e da periferia, se você não tiver ajuda de terceiros, você não vai pra frente. Foi difícil, foi. Mas a gente vai tentando e no final consegue”, disse Raíssa, que estudou a vida toda em escolas públicas.
Rosângela, mãe de Raíssa, é diarista e relembra dos desafios que ambas enfrentaram ainda mesmo quando a garota precisava ir ao cursinho pré-vestibular: “Às vezes, eu ficava aqui, contando nos dedos o dinheiro da passagem para o cursinho. Se era ela que ia ou o irmão”, lembra.
Foram dois longos anos de muita dedicação e a moça conta que nem mesmo ela acreditava que conseguiria ser aprovada em um curso tão concorrido. Como sua casa está em reforma, ela criou um pequeno ambiente silencioso para focar nos estudos e passa muitas e muitas horas com a cara nos livros.
“Eu acordava de 7h e parava só para almoçar. Depois, ia para o cursinho, para as aulas, dava uma revisada e ia dormir. Era isso. Ficava o dia todo estudando”, relata.
“A Raíssa, eu acho que é a pessoa mais determinada que eu já conheci na vida. Acordava cedo, chegava cedo, ia em todas as aulas e era a mesma cara, o mesmo sorriso, o mesmo jeito, nunca mudava”, disse João Pedro, professor da jovem.
“Tudo que ela tinha dificuldade, ela sanava a dúvida, procurava os professores, fazia os exercícios. É um exemplo de determinação que dificilmente a gente encontra de novo”, acrescentou.
“Sempre foi um sonho dela. Ela pequenininha colecionava alguns DVDs de séries de médico. Eu comentava com a mãe dela, que achava que ela ia ser médica”, diz Moisés Afonso, pai de Raíssa.
A família toda está em festa e Rosângela concluiu, com bastante emoção: “Conseguimos. E ela vai fazer essa faculdade seja lá quantos anos forem”.