A 65ª Feira do Livro de Porto Alegre, na Praça da Alfândega, teve uma faixa de boas vindas bem grande para os visitantes, dentre eles estava o aposentado João Carlos, que fez parte do evento após receber o convite do Programa de Alfabetização de Adultos do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE).
O idoso nunca tinha aprendido a ler e desistiu dos estudos na juventude para ajudar a mãe no sustento da família, uma realidade que infelizmente faz parte da vida de muita gente: “Sempre me incomodou o fato de eu não saber ler o nome da linha do ônibus que eu pegava para ir ao trabalho. Me sentia um cego”, contou para a GauchaZH.
Porém, assim que a primeira oportunidade apareceu ele agarrou com unhas e dentes, fez sua inscrição nas aulas gratuitas do CIEE e ganhou cadernos, caneta e lápis de um de seus clientes (ele trabalhava no estacionamento do Mercado Público).
João conta que quando conseguiu ler sozinho a palavra ‘MÃE’ chorou feito criança pois reviveu todos os momentos que teve ao lado da sua, falecida há cinquenta anos. “Sabe uma descarga de alta-tensão? Nunca tomei um choque, mas acho que foi isso que senti quando comecei a ler. Ainda fico deslumbrado com cada palavra”, relembrou.
Os funcionários do CIEE doaram 400 obras para a Feira do Livro e João foi bastante animado procurar histórias em quadrinhos dentre as caixas de papelão: “Este vai comigo! Adoro a Turma da Mônica”, disse sorridente.
“Peteleco brinca com seus amigos todos os sábados no parque do bairro onde mora. Hoje está um dia ensolarado e quente. Duas amigas, a Carminda e a Bonequinha, chegam para se divertir junto com ele”, leu João, em voz alta, o primeiro parágrafo do livro escolhido.